Figuras de
Linguagem
São recursos que
tornam as mensagens que emitimos mais expressivas. Subdividem-se em figuras
de som,figuras de palavras, figuras de pensamento e figuras
de construção.
Classificação das
Figuras de Linguagem
Observe:
1) Fernanda
acordou às sete horas, Renata às nove horas, Paula às dez e meia.
2) "Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela."
3) Seus olhos eram luzes brilhantes.
2) "Quando Deus fecha uma porta, abre uma janela."
3) Seus olhos eram luzes brilhantes.
Nos exemplos acima, temos três tipos distintos de figuras de linguagem:
Exemplo 1: há
o uso de uma construção sintética ao deixar subentendido, na segunda e na
terceira frase, um termo citado anteriormente - o verbo acordar.
Repare que a segunda e a última frase do primeiro exemplo devem ser entendidas
da seguinte forma: "Renata acordou às nove horas,
Paula acordou às dez e meia. Dessa forma, temos uma figura
de construção ou de sintaxe.
Exemplo 2: a
ideia principal do ditado reside num jogo conceitual entre as palavras fecha e abre,
que possuem significados opostos. Temos, assim, uma figura de
pensamento.
Exemplo 3: a
força expressiva da frase está na associação entre os elementos olhos e luzes
brilhantes. Essa associação nos permite uma transferência de significados a
ponto de usarmos "olhos" por "luzes
brilhantes". Temos, então, uma figura de palavra.
Figura de Palavra
A figura de
palavra consiste na substituição de uma palavra por outra, isto é, no
emprego figurado, simbólico, seja por uma relação muito
próxima (contiguidade), seja por uma associação, uma comparação, umasimilaridade.
Esses dois conceitos básicos - contiguidade e similaridade -
permitem-nos reconhecer dois tipos de figuras de palavras: a metáfora e
a metonímia.
Metáfora
A metáfora
consiste em utilizar uma palavra ou uma expressão em lugar de outra, sem que
haja uma relação real, mas em virtude da circunstância de que o nosso espírito
as associa e depreende entre elas certas semelhanças. É importante notar que a
metáfora tem um caráter subjetivo e momentâneo; se
a metáfora se cristalizar, deixará de ser metáfora e passará a ser catacrese (é
o que ocorre, por exemplo, com "pé de alface", "perna da
mesa", "braço da cadeira").
Obs.: toda
metáfora é uma espécie de comparação implícita, em que o elemento
comparativo não aparece.
Observe a gradação no processo metafórico abaixo:
Seus olhos
são como luzes brilhantes.
O exemplo acima mostra uma comparação evidente, através
do emprego da palavra como.
Observe agora:
Seus olhos
são luzes brilhantes.
Nesse exemplo não há mais uma comparação (note a ausência da partícula
comparativa), e sim um símile, ou seja, qualidade do que é
semelhante.
Por fim, no exemplo:
As luzes
brilhantes olhavam-me.
Há substituição da palavra olhos por luzes
brilhantes. Essa é a verdadeira metáfora.
Observe outros exemplos:
1) "Meu
pensamento é um rio subterrâneo." (Fernando Pessoa)
Nesse caso, a
metáfora é possível na medida em que o poeta estabelece relações de semelhança
entre um rio subterrâneo e seu pensamento (pode estar relacionando a fluidez, a
profundidade, a inatingibilidade, etc.).
2) Minha alma é
uma estrada de terra que leva a lugar algum.
Uma estrada de
terra que leva a lugar algum é, na frase acima,
uma metáfora. Por trás do uso dessa expressão que indica uma alma rústica e
abandonada (e angustiadamente inútil), há uma comparação subentendida: Minha
alma é tão rústica, abandonada (e inútil) quanto uma estrada de terra que leva
a lugar algum.
Metonímia
A metonímia
consiste em empregar um termo no lugar de outro, havendo entre ambos estreita
afinidade ou relação de sentido. Observe os exemplos abaixo:
1 - Autor pela obra: Gosto de
ler Machado de Assis. (= Gosto de ler a obra
literária de Machado de Assis.)
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.)
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.)
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.)
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.)
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteresforam atrás dos jogadores.)
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.)
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheresforam chamadas, não apenas uma mulher.)
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado.)
2 - Inventor pelo invento: Édson ilumina o mundo. (= As lâmpadas iluminam o mundo.)
3 - Símbolo pelo objeto simbolizado: Não te afastes da cruz. (= Não te afastes da religião.)
4 - Lugar pelo produto do lugar: Fumei um saboroso havana. (= Fumei um saboroso charuto.)
5 - Efeito pela causa: Sócrates bebeu a morte. (= Sócrates tomou veneno.)
6 - Causa pelo efeito: Moro no campo e como do meu trabalho. (= Moro no campo e como o alimento que produzo.)
7 - Continente pelo conteúdo: Bebeu o cálice todo. (= Bebeu todo o líquido que estava no cálice.)
8 - Instrumento pela pessoa que utiliza: Os microfones foram atrás dos jogadores. (= Os repórteresforam atrás dos jogadores.)
9 - Parte pelo todo: Várias pernas passavam apressadamente. (= Várias pessoas passavam apressadamente.)
10 - Gênero pela espécie: Os mortais pensam e sofrem nesse mundo. (= Os homens pensam e sofrem nesse mundo.)
11 - Singular pelo plural: A mulher foi chamada para ir às ruas na luta por seus direitos. (= As mulheresforam chamadas, não apenas uma mulher.)
12 - Marca pelo produto: Minha filha adora danone. (= Minha filha adora o iogurte que é da marca danone.)
13 - Espécie pelo indivíduo: O homem foi à Lua. (= Alguns astronautas foram à Lua.)
14 - Símbolo pela coisa simbolizada: A balança penderá para teu lado. (= A justiça ficará do teu lado.)
Saiba
que:
Atualmente, não se faz mais a distinção entre
metonímia e sinédoque (emprego de um termo em lugar de outro), havendo entre
ambos relação de extensão. Por ser mais abrangente, o conceito de metonímia
prevalece sobre o de sinédoque.
Catacrese
Trata-se de uma metáfora que,
dado seu uso contínuo, cristalizou-se. A catacrese costuma ocorrer quando, por
falta de um termo específico para designar um conceito, toma-se outro
"emprestado". Assim, passamos a empregar algumas palavras fora de seu
sentido original.
Exemplos:
"asa da
xícara"
|
"batata da
perna"
|
"maçã do
rosto"
|
"pé da
mesa"
|
"braço da
cadeira"
|
"coroa do
abacaxi"
|
Perífrase
Trata-se de uma expressão que
designa um ser através de alguma de suas características ou atributos, ou de um
fato que o celebrizou. Veja o exemplo:
A Cidade Maravilhosa (= Rio de
Janeiro) continua atraindo visitantes do mundo todo.
Obs.: quando a perífrase indica uma pessoa, recebe o nome de antonomásia.
Exemplos:
O Divino Mestre (= Jesus
Cristo) passou a vida praticando o bem.
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
O Poeta dos Escravos (= Castro Alves) morreu muito jovem.
O Poeta da Vila (= Noel Rosa) compôs lindas canções.
Sinestesia
Consiste em mesclar, numa
mesma expressão, as sensações percebidas por diferentes órgãos do sentido.
Exemplos:
Um grito áspero revelava
tudo o que sentia. (grito = auditivo; áspero = tátil)
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual)
No silêncio escuro do seu quarto, aguardava os acontecimentos. (silêncio = auditivo; negro = visual)
Figuras de Pensamento
Dentre as
figuras de pensamento, as mais comuns são:
Antítese
Consiste na utilização de dois
termos que contrastam entre si. Ocorre quando há uma
aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos. O contraste que se
estabelece serve, essencialmente, para dar uma ênfase aos conceitos envolvidos
que não se conseguiria com a exposição isolada dos mesmos. Observe os
exemplos:
"O mito é o nada que
é tudo." (Fernando Pessoa)
O corpo é grande e a alma é pequena.
"Quando um muro separa, uma ponte une."
"Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores." (Castro Alves)
Felicidade e tristeza tomaram conta de sua alma.
O corpo é grande e a alma é pequena.
"Quando um muro separa, uma ponte une."
"Desceu aos pântanos com os tapires; subiu aos Andes com os condores." (Castro Alves)
Felicidade e tristeza tomaram conta de sua alma.
Paradoxo
Consiste
numa proposição aparentemente absurda, resultante da união de ideias
contraditórias. Veja o exemplo:
Na reunião, o funcionário
afirmou que o operário quanto mais trabalha mais tem dificuldades econômicas.
Eufemismo
Consiste em empregar uma expressão
mais suave, mais nobre ou menos agressiva, para comunicar alguma coisa
áspera, desagradável ou chocante.
Exemplos:
Depois de muito
sofrimento, entregou a alma ao Senhor. (= morreu)
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)9666559
O prefeito ficou rico por meios ilícitos. (= roubou)
Fernando faltou com a verdade. (= mentiu)9666559
Ironia
Consiste em dizer o
contrário do que se pretende ou em satirizar, questionar certo tipo de
pensamento com a intenção de ridicularizá-lo, ou ainda em ressaltar algum
aspecto passível de crítica. A ironia deve ser muito bem construída para que
cumpra a sua finalidade; mal construída, pode passar uma ideia exatamente
oposta à desejada pelo emissor. Veja os exemplos abaixo:
Como você foi bem na última
prova, não tirou nem a nota mínima!
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto.
Parece um anjinho aquele menino, briga com todos que estão por perto.
Hipérbole
É a expressão
intencionalmente exagerada com o intuito de realçar uma ideia. Exemplos:
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
"Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)
Faria isso milhões de vezes se fosse preciso.
"Rios te correrão dos olhos, se chorares." (Olavo Bilac)
Prosopopeia ou Personificação
Consiste em
atribuir ações ou qualidades de seres animados a seres inanimados, ou
características humanas a seres não humanos. Observe os exemplos:
As pedras andam vagarosamente.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.
Chora, violão.
O livro é um mudo que fala, um surdo que ouve, um cego que guia.
A floresta gesticulava nervosamente diante da serra.
O vento fazia promessas suaves a quem o escutasse.
Chora, violão.
Apóstrofe
Consiste na "invocação" de
alguém ou de alguma coisa personificada, de acordo com o objetivo do discurso
que pode ser poético, sagrado ou profano. Caracteriza-se pelo chamamento do
receptor da mensagem, seja ele imaginário ou não. A introdução da apóstrofe
interrompe a linha de pensamento do discurso, destacando-se assim a entidade a
que se dirige e a ideia que se pretende pôr em evidência com tal
invocação. Realiza-se por meio do vocativo. Exemplos:
Moça, que fazes aí parada?
"Pai Nosso, que estais no céu..."
"Liberdade, Liberdade,
Abre as asas sobre nós,
Das lutas, na tempestade,
Dá que ouçamos tua voz..." (Osório Duque Estrada)
"Pai Nosso, que estais no céu..."
"Liberdade, Liberdade,
Abre as asas sobre nós,
Das lutas, na tempestade,
Dá que ouçamos tua voz..." (Osório Duque Estrada)
Gradação
Consiste em dispor
as ideias por meio de palavras, sinônimas ou não, em ordem
crescente ou decrescente. Quando a progressão é ascendente, temos o clímax;
quando é descendente, o anticlímax. Observe este exemplo:
Havia o céu, havia a terra,
muita gente e mais Joana com seus olhos claros e brincalhões...
O objetivo do narrador é
mostrar a expressividade dos olhos de Joana. Para chegar a esse detalhe, ele se
refere ao céu, à terra, às pessoas e, finalmente, a Joana e seus olhos. Nota-se
que o pensamento foi expresso em ordem decrescente de intensidade. Outros
exemplos:
"Vive só para mim, só
para a minha vida, só para meu amor". (Olavo Bilac)
"O trigo... nasceu, cresceu, espigou, amadureceu, colheu-se." (Padre Antônio Vieira)
Figuras de Construção ou
Sintáticas
As figuras de construção
ocorrem quando desejamos atribuir maior expressividade ao
significado. Assim, a lógica da frase é substituída pela maior expressividade
que se dá ao sentido.
Elipse
Consiste
na omissão de um ou mais termos numa oração que podem ser
facilmente identificados, tanto por elementos gramaticais presentes na própria
oração, quanto pelo contexto. Exemplos:
1) A cada um o que é seu.
(Deve se dar a cada um o que é seu.)
2)Tenho duas filhas, um filho e amo todos da mesma maneira.
Nesse exemplo, as desinências verbais de tenho e amo permitem-nos a identificação do sujeito em elipse "eu".
3)Regina estava atrasada. Preferiu ir direto para o trabalho. (Ela, Regina, preferiu ir direto para o trabalho, pois estava atrasada.)
4) As rosas florescem em maio, as margaridas em agosto. (As margaridas florescem em agosto.)
Zeugma
Zeugma é uma
forma de elipse. Ocorre quando é feita a omissão de um termo já
mencionado anteriormente.Exemplos:
Ele gosta de
geografia; eu, de português.
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos.
Ela gosta de natação; eu, de vôlei.
No céu há estrelas; na terra, você.
Na casa dela só havia móveis antigos; na minha, só móveis modernos.
Ela gosta de natação; eu, de vôlei.
No céu há estrelas; na terra, você.
Silepse
A silepse é
a concordância que se faz com o termo que não está expresso no
texto, mas sim com a ideia que ele representa. É uma concordância anormal,
psicológica, espiritual, latente, porque se faz com um termo oculto, facilmente
subentendido. Há três tipos de silepse: de gênero, número e pessoa.
Silepse de Gênero
Os gêneros são masculino e feminino.
Ocorre a silepse de gênero quando a concordância se faz com aideia que
o termo comporta. Exemplos:
1)
A bonita
Porto Velho sofreu mais uma vez com o calor intenso.
Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto Velho).
2) Vossa excelência está preocupado.
Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência.
Nesse caso, o adjetivo bonita não está concordando com o termo Porto Velho, que gramaticalmente pertence ao gênero masculino, mas com a ideia contida no termo (a cidade de Porto Velho).
2) Vossa excelência está preocupado.
Nesse exemplo, o adjetivo preocupado concorda com o sexo da pessoa, que nesse caso é masculino, e não com o termo Vossa excelência.
Silepse de Número
Os números são singular e plural.
A silepse de número ocorre quando o verbo da oração não concorda
gramaticalmente com o sujeito da oração, mas com a ideia que nele está
contida. Exemplos:
A procissão saiu. Andaram por
todas as ruas da cidade de Salvador.
Como vai a turma? Estão bem?
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
Como vai a turma? Estão bem?
O povo corria por todos os lados e gritavam muito alto.
Note que nos exemplos acima,
os verbos andaram, estão e gritavam não
concordam gramaticalmente com os sujeitos das orações (que se encontram no
singular, procissão, turma e povo,
respectivamente), mas com a ideia de pluralidade que neles
está contida. Procissão, turma e povo dão a ideia de muita gente, por isso que
os verbos estão no plural.
Silepse de Pessoa
Três são as pessoas
gramaticais: a primeira, a segunda e a terceira. A silepse de pessoa ocorre
quando há um desvio de concordância. O verbo, mais uma vez, não concorda com
o sujeito da oração, mas sim com a pessoa que está inscrita no sujeito.
Exemplos:
a) O que não compreendo é como
os brasileiros persistamos em aceitar essa
situação.
b) Os agricultores temos orgulho
de nosso trabalho.
c) "Dizem que os cariocas somos poucos
dados aos jardins públicos." (Machado de Assis)
Observe que os verbos persistamos, temos e somos não
concordam gramaticalmente com os seus sujeitos (brasileiros, agricultores e cariocas que
estão na terceira pessoa), mas com a ideia que neles está contida (nós,
os brasileiros, os agricultores e os cariocas).
Polissíndeto / Assíndeto
Para estudarmos essas duas
figuras de construção, é necessário recordar um conceito estudado em sintaxe
sobre período composto. No período composto por coordenação, podemos ter orações sindéticas ou
assindéticas. A oração coordenada ligada por uma conjunção (conectivo)
é sindética; a oração que não apresenta conectivo é assindética.
Recordado
esse conceito, podemos definir as duas figuras de construção:
1) Polissíndeto
É uma figura caracterizada
pela repetição enfática dos conectivos. Observe o
exemplo:
"Falta-lhe o solo aos
pés: recua e corre, vacila e grita,
luta e ensanguenta, e rola, e tomba, e se
espedaça, e morre." (Olavo Bilac)
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.
"Deus criou o sol e a lua e as estrelas. E fez o homem e deu-lhe inteligência e fê-lo chefe da natureza.
2) Assíndeto
É uma figura caracterizada
pela ausência, pela omissão das conjunções coordenativas,
resultando no uso de orações coordenadas assindéticas. Exemplos:
Tens casa, tens roupa, tens
amor, tens família.
"Vim, vi, venci." (Júlio César)
"Vim, vi, venci." (Júlio César)
Pleonasmo
Consiste na repetição de
um termo ou ideia, com as mesmas palavras ou não. A finalidade do pleonasmo é
realçar a ideia, torná-la mais expressiva. Veja este
exemplo:
O problema da violência, é
necessário resolvê-lo logo.
Nesta oração, os termos "o problema da violência" e "lo" exercem a mesma função sintática: objeto direto. Assim, temos um pleonasmo do objeto direto, sendo o pronome "lo" classsificado como objeto direto pleonástico.
Outro exemplo:
Aos funcionários, não lhes interessam
tais medidas.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pronome "lhes" exerce a função de objeto indireto pleonástico.
Aos funcionários, lhes = Objeto Indireto
Nesse caso, há um pleonasmo do objeto indireto, e o pronome "lhes" exerce a função de objeto indireto pleonástico.
Exemplos:
"Vi, claramente
visto, o lumo vivo." (Luís de Camões)
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)
"E rir meu riso." (Vinícius de Moraes)
"O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem." (Manuel Bandeira)
"Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal." (Fernando Pessoa)
"E rir meu riso." (Vinícius de Moraes)
"O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem." (Manuel Bandeira)
Observação: o pleonasmo só tem
razão de ser quando confere mais vigor à frase; caso contrário, torna-se um
pleonasmo vicioso.
Exemplos:
Vi aquela cena com meus
próprios olhos.
Vamos subir para cima.
Vamos subir para cima.
Anáfora
É a repetição de
uma ou mais palavras no início de várias frases, criando assim, um efeito de
reforço e de coerência. Pela repetição, a palavra ou expressão em causa é posta
em destaque, permitindo ao escritor valorizar determinado elemento textual. Os
termos anafóricos podem muitas vezes ser substituídos porpronomes relativos.
Assim, observe o exemplo abaixo:
Encontrei um amigo
ontem. Ele disse-me que te conhecia. O termo ele é
um termo anafórico, já que se refere aum amigo anteriormente
referido. Observe outro exemplo:
"Se você gritasse
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro José!" (Carlos Drummond de Andrade)
Se você gemesse,
Se você tocasse
a valsa vienense
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro José!" (Carlos Drummond de Andrade)
Anacoluto
Consiste na mudança
da construção sintática no meio da frase, ficando alguns termos
desligados do resto do período. Veja o exemplo:
Esses alunos da escola, não se
pode duvidar deles.
A expressão "esses
alunos da escola" deveria exercer a função de sujeito. No
entanto, há uma interrupção da frase e essa expressão fica à parte, não
exercendo nenhuma função sintática. O anacoluto também é chamado de "frase
quebrada", pois corresponde a uma interrupção na sequência lógica do
pensamento.
Exemplos:
a) O Alexandre, as
coisas não lhe estão indo muito bem.
b) A velha hipocrisia,
recordo-me dela com vergonha. (Camilo Castelo Branco)
Obs.: o anacoluto deve
ser usado com finalidade expressiva em casos muito especiais. Em geral, deve-se
evitá-lo.
Hipérbato / Inversão
É a inversão da
estrutura frásica, isto é, a inversão da ordem direta dos termos da
oração. Exemplos:
a) Ao ódio venceu o amor. (Na
ordem direta seria: O amor venceu ao ódio.)
b) Dos meus problemas cuido eu!
(Na ordem direta seria: Eu cuido dos meus problemas.)
Figuras de Som
Aliteração
Consiste na repetição de consoantes como recurso para
intensificação do ritmo ou como efeito sonoro significativo. Exemplos:
Três pratos de trigo
para três tigres tristes.
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
O rato roeu a roupa do rei de Roma.
"Vozes veladas, veludosas vozes,
Volúpias dos violões, vozes veladas
Vagam nos velhos vórtices velozes
Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas."
Cruz e Souza (Aliteração em "v")
Assonância
Consiste na repetição ordenada de sons vocálicos idênticos. Exemplos:
"Sou um mulato nato no sentido lato
mulato democrático do litoral."
mulato democrático do litoral."
Onomatopeia
Ocorre quando se tentam reproduzir na forma de palavras os sons da
realidade. Exemplos:
Os sinos
faziam blem, blem, blem, blem.
Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã.
Miau, miau. (Som emitido pelo gato)
Tic-tac, tic-tac fazia o relógio da sala de jantar.
Cócórócócó, fez o galo às seis da manhã.
Referência
Bibliográficas
CEREJA, W.R. MAGALHÃES, T.C. Português Linguagens v.01 –
7º ed. Reform. – São Paulo: Saraiva, 2010, 336 p.
SOBRAL, Jõao Jonas
Veiga. Gramática – caderno de revisão. São
Paulo: Moderna, 2011, 151 p.
SITE:
http://www.soportugues.com.br/secoes/estil/estil2.php
(Acesso: 15 maio 2014)
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