segunda-feira, 17 de outubro de 2011

V E R S I F I C A Ç Ã O

É o conjunto de normas que ensinam a fazer poemas belos e perfeitos segundo o conceito dos antigos gregos. Para eles, beleza e perfeição são sinônimos de trabalhoso, detalhado, complexo e tudo aquilo que segue a um modelo, a um conjunto de normas. É, assim, a técnica ou a arte de fazer versos.
VERSO é cada uma das linhas que compõem um poema, possui número determinado de sílabas poéticas (métrica), agradável movimento rítmico (ritmo ) e musicalidade (rima).
O conjunto de versos compõe uma estrofe, que pode ser:
1. Monóstico: estrofe com um verso;
2. Dístico: “ “ dois versos;
3. Terceto: “ “ três “
4. Quarteto: “ quatro versos; (ou quadra)
5. Quintilha: “ “ cinco “
6. Sextilha: “ “ seis “
7. Septilha: “ “ sete “
8. Oitava: “ “ oito “
9. Nona: “ “ nove “
10. Décima : “ “ dez “
Mais de dez versos: estrofe Irregular.
O verso que se repete no início de todas as estrofes de um poema chama-se ANTECANTO e o que se repete no final, BORDÃO. O conjunto de versos repetidos no decorrer do poema chama-se ESTRIBILHO ou REFRÃO.
MÉTRICA é a medida ou quantidade de sílabas que um verso possui. A divisão e a contagem das sílabas métricas de um verso são chamadas de ESCANSÃO, que não é feita da mesma forma que a divisão e contagem de sílabas normais, pois, segundo a Versificação:

1) Separam-se e contam-se as sílabas de um verso até a última sílaba tônica desse verso. Ex:
Es|tou | dei|ta|do | so|bre| mi|nha| ma|la
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2) Quando duas ou mais vogais se encontram no fim de uma palavra e começo de outra, e podem ser pronunciadas simultaneamente, unem-se numa só sílaba métrica. Quando essas vogais são diferentes, o processo chama-se elisão e quando são vogais idênticas, crase.
Ex:
E|la+es|ta|va|só (Elisão) e fo|ge+e|gri|ta (Crase)
1 2 3 4 5 1 2 3

3) Geralmente, como acontece na divisão silábica normal, os elementos que formam um ditongo não podem ser separados e os elementos que formam um hiato devem ser separados na escansão de um verso. No entanto, se o poeta precisar separar os elementos de um ditongo (diérese) ou unir os de um hiato (sinérese), ele tem LICENÇA POÉTICA para que sua métrica dê certo. O mesmo acontece se ele precisar contar também até a última sílaba átona do verso. Outras LICENÇAS POÉTICAS:

- ECTLIPSE: supressão de um fonema nasal final , para possibilitar a crase ou a elisão.
Ex: E nós com esperança =
E|nós| co’es|pe|ran|ça
1 2 3 4 5
- AFÉRESE: Supressão da sílaba ou fonema inicial.
Ex: “Estamos em pleno mar” =
Sta|mos|em|ple|no|mar
1 2 3 4 5 6
Quanto à Métrica, um verso pode ser:
1. monossílabo: verso com apenas uma sílaba;
2. dissílabo: verso com duas sílabas;
3. trissílabo: “ “ três “
4. tetrassílabo: “ “ quatro “
5. pentassílabo: “ “ cinco “ , também chamado REDONDILHA MENOR
6. hexassílabo: “ “ seis “
7. heptassílabo: “ “ sete “ , também chamado REDONDILHA MAIOR
8. octossílabo: “ “ oito “
9. eneassílabo: “ “ nove “
10. decassílabo: “ “ dez “ , também chamado de HERÓICO
11. hendecassílabo: “ “ onze “
12. dodecassílabo: “ “ doze “, também chamado de ALEXANDRINO

RITMO é o resultado da regular sucessão de sílabas tônicas e átonas de um verso. Para os gregos, ele é um elemento melódico tão essencial para o poema quanto para a Música.
Os versos que não seguem as normas da Versificação quando à métrica e/ou ao ritmo são chamados de VERSOS LIVRES.

SOM ou RIMA também é para os antigos um elemento essencial para que um poema seja uma POESIA. A rima é a identidade e/ou semelhança sonora existente entre a palavra final de um verso com a palavra final de outro verso na estrofe. Foneticamente, uma rima pode ser perfeita – se houver identidade entre as terminações das palavras que rimam (neve/leve) - ou imperfeita, se houver apenas semelhança (estrela/vela). Morfologicamente, a rima é pobre quando as palavras que rimam pertencem à mesma classe gramatical (coração/oração), e rica quando as palavras que rimam pertencem a classes gramaticais diferentes (arde/covarde).
Quanto à posição na estrofe, as rimas podem ser classificadas como:

a) emparelhadas ou paralelas (aabb)
“Vagueio campos noturnos a
Muros soturnos a
Paredes de solidão b
Sufocam minha canção.” b
(Ferreira Gullar)
b) cruzadas ou alternadas (abab)
“Se o casamento durasse a
Semanas, meses fatais b
Talvez eu me balançasse a
Mas toda a vida... é demais! “ b
( Afonso Celso)

c) opostas, intercaladas ou interpoladas (abba)
“Não sei quem seja o autor a
Desta sentença de peso b
O beijo é um fósforo aceso b
Na palha seca do amor!” a (B. Tigre)

d) continuadas: consiste na mesma rima por todo o poema.

e) misturadas: são as rimas que não seguem esquematização regular.

f) Versos Brancos: são os do poema sem rima.

Fazem parte do estudo do som ou rimas as FIGURAS DE HARMONIA OU DE EFEITO SONORO: aliteração, assonância, onomatopéia, paronomásia, parequema e o eco ou rima coroada.

POEMAS DE FORMA FIXA

Alguns poemas apresentam forma fixa, o que já indica a preocupação formal do poeta em relação à sua obra e, assim, que ele segue à risca as normas da Versificação no momento da sua elaboração. São eles:
. SONETO: poema formado por dois quartetos e dois tercetos, normalmente composto por versos decassílabos e de conteúdo lírico;
. BALADA: poema formado por três oitavas e uma quadra;
. RONDEL: poema formado por duas quadras e uma quintilha;
. RONDÓ: poema com estrofação uniforme de quadras;
. VILANELA: poema formado por uma quadra e vários tercetos.
Assim, para os clássicos, a obediência às normas ou técnicas aqui expostas é um dos itens mais importantes na classificação de um POEMA como POESIA.

Fonte:
http://portalrosabeloto.sites.uol.com.br/apostilas/versificacao.htm
acessado em 17/10/2011