A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora da procura, fora da boniteza e da alegria. Paulo Freire
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
VAIDADE E SAÚDE - por Gilson Brun
Imagine a cena: verão chegando, você na academia fazendo a sua série de musculação... Só que você não está satisfeito porque, por mais que saiba que o seu treinamento vai dar certo, gostaria que o resultado fosse imediato. Ao ouvir suas reclamações, um cara daqueles que treinam 24 horas por dia na academia se aproxima e oferece um produto que vai lhe dar esse resultado imediato. Qual é a sua reação?
Antes de tomarmos qualquer atitude, temos de saber que os anabolizantes ou esteróides anabólicos são substâncias químicas sintéticas. Semelhantes ao hormônio masculino testosterona, ajudam a aumentar a velocidade do metabolismo do nosso corpo. Quando administrada no organismo, essa substância entra em contato com as células do tecido muscular e age aumentando o tamanho dos músculos. As pessoas que a consomem ganham força, potência e maior tolerância ao exercício físico. Mas tudo isso pessoas sadias, bem alimentadas e com atividade física adequada também ganham, uma vez que o organismo executa perfeitamente todas essas funções.
O uso dos esteróides em larga escala e em altas doses com fins estéticos vem ocorrendo entre os freqüentadores de academias sem que eles saibam dos malefícios que esses medicamentos podem causar.
A melhora que os anabolizantes podem proporcionar não é significativa em face dos seus numerosos efeitos colaterais, que trazem graves conseqüências.
As superdosagens que alguns atletas, principalmente os praticantes do fisiculturismo, se administram - essas dosagens ultrapassam as terapêuticas em até 15 ou 20 vezes - e a utilização desses medicamentos por um tempo prolongado podem tornar os efeitos colaterais irreversíveis.
Mas como a droga age?
A maioria dos anabolizantes esteróides ativa o metabolismo protéico, que, associado a exercícios físicos, aumenta a massa muscular e a força. Tanto homens quanto mulheres produzem a testosterona, estas em quantidade muito menor. A hipófise, glândula localizada no cérebro, produz uma substância chamada gonadotrofina, que avisa aos órgãos reprodutores que é necessária a produção de testosterona. Mas, quando se consome a testosterona sintética, o organismo suspende o comando de liberação de gonadotrofina pela hipófise e, conseqüentemente, as funções dos testículos, onde se produzem o hormônio e os espermatozóides. Por isso, o uso de anabolizantes causa infertilidade, que, na maioria das vezes, é irreversível mesmo com a suspensão do uso da droga. Esse descontrole hormonal desencadeia outros processos sexuais secundários, como o surgimento de mamas, acne e a mudança do tom de voz, que fica mais grave.
Os anabolizantes ainda sobrecarregam o fígado, e qualquer tipo de tumor que porventura ali exista terá seu desenvolvimento acelerado pela droga.
Essa substância causa ainda uma alteração dos níveis de colesterol, reduzindo o chamado colesterol protetor (HDL) e aumentando o colesterol causador do infarto do miocárdio (LDL). Surgem também problemas cardíacos, acarretados pela hipertensão que atinge praticamente 100% dos atletas anabolizados. O coração envelhece cada dia mais rápido, levando à insuficiência cardíaca.
No sistema locomotor, o que ocorre freqüentemente é um rompimento das inserções musculotendinosas, que se tornam relativamente frágeis para suportar a tração de um músculo cuja força foi bastante ampliada, em função do aumento desproporcional da massa. Os esteróides também interferem no metabolismo do tecido ósseo, alterando o equilíbrio do cálcio. O osso perde a sua elasticidade e tende a sofrer fraturas.
Em crianças e adolescentes, a conseqüência mais grave é a consolidação precoce das cartilagens, provocando a interrupção no processo de crescimento.
O maior exemplo da ação nociva dos esteróides sobre o nosso corpo é o fisiculturista número 1 da Alemanha, Andréas Munzer. Quando morreu, seu corpo se assemelhava a uma massa disforme de carne crua. O estômago de Munzer sangrou até a última gota. Rins e fígado não resistiram às substâncias químicas que ele vinha tomando para redesenhar a sua massa muscular.
O atleta, quando entra no circuito dos anabolizantes, não procura orientação médica, nem se orienta com um profissional capacitado. Segue somente o que seus amigos de treino falam. Geralmente quem indica os anabolizantes são atletas veteranos, que recomendam as substâncias que eles mesmos já utilizam, sem se importar com os danos que causam.
Será que, por vaidade pessoal, vale a pena correr todos esses riscos? Sabe-se que apenas com treinamento, sem o uso de esteróides anabolizantes, pode-se conseguir bons resultados. Basta apenas ter paciência.
Não use drogas. Se fizer isso, o seu corpo pode até ficar belo por fora, mas lá dentro seu organismo não será mais o mesmo.
Depois de toda essa explicação, a sua reação seria a mesma? Você aceitaria o produto, mesmo sabendo que ele faz mal (e como!) ao seu organismo?
FONTE: http://www.educacional.com.br/educacao_fisica/alunos/alunos.asp
ACESSO: 16/09/2011
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