segunda-feira, 29 de julho de 2013

TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO E O PARÁGRAFO

TEXTO DISSERTATIVO-ARGUMENTATIVO
Dissertar é o mesmo que desenvolver ou explicar um assunto, discorrer sobre ele. Assim, o texto dissertativo pertence ao grupo dos textos argumentativos, juntamente com o texto de apresentação científica, artigos de opinião e etc...

É uma modalidade de texto em que se defende um ponto de vista, ou seja, persuadir o leitor sobre o ponto de vista do autor a respeito do assunto.Nele a argumentação é importante, uma vez que apresenta fundamentos para sustentar a tese.

Quando o produzimos, devemos observar certas normas de organização bastante particulares. Em geral, para se obter maior clareza na exposição do ponto de vista, organiza-se em três partes:

·         Introdução: apresenta-se a ideia ou o ponto de vista que será defendido;

·         Desenvolvimento ou argumentação: desenvolve-se o ponto de vista (para convencer o leitor, é preciso usar uma sólida argumentação, citar exemplos, recorrer a opiniões de especialistas, fornecer dados, etc);

·         Conclusão: dá-se um fecho coerente com o desenvolvimento, com os argumentos apresentados. Por suas características, o texto argumentativo requer:
·         Uma linguagem mais sóbria, denotativa.
·         O uso da figura de linguagem deve ser com valor argumentativo.
·         As orações devem se dispor, de preferência, em ordem direta.
·         É preferível o uso da terceira pessoa, caracterizando o texto argumentativo objetivo.
·         O texto argumentativo não apresenta uma progressão temporal;
·         Os conceitos são genéricos, abstratos e, em geral não se prendem a uma situação de tempo e espaço. Por isso os verbos no presente.
·         Trabalha-se com períodos compostos, com o encadeamento de ideias;
·         Nesse tipo de construção, o adequado emprego dos conectores (preposições, conjunções e pronomes relativos) é fundamental para obter um texto claro, coerente, coeso e elegante.

Referência:





O parágrafo: formas para você começar um texto

Um texto é normalmente organizado em unidades menores, chamadas parágrafos.
Um parágrafo pode ser formado por uma ou mais frases, sendo seu tamanho variável. Costam-se estruturar-se em torno de uma ideia-núcleo, que é desenvolvida por ideias secundárias.
Além da ideia-nucelo e das ideias secundárias, a estrutura padrão de um parágrafo apresenta também uma conclusão.
Ao escrever seu primeiro parágrafo, você pode fazê-lo de forma criativa. Ele deve atrair a atenção do leitor. Por isso, evite os lugares-comuns como: atualmente, hoje em dia, desde épocas remotas, o mundo de hoje, a cada dia que passa, no mundo em que vivemos, na atualidade.
Listamos aqui algumas formas de começar um texto.

1. UMA DECLARAÇÃO (TEMA: LIBERAÇÃO DO USO DA MACONHA)

É um grave erro a liberação da maconha. Provocará de imediato violenta elevação do consumo. O Estado perderá o precário controle que ainda exerce sobre as drogas psicotrópicas e nossas instituições de recuperação de viciados não terão estrutura suficiente para atender à demanda.
A declaração é a forma mais comum de começar um texto. Procure fazer uma declaração forte, capaz de surpreender o leitor.

2.DEFINIÇÃO (TEMA: O MITO)

O mito, entre os povos primitivos, é uma forma de se situar no mundo, isto é, de encontrar o seu lugar entre os demais seres da natureza. É um modo ingênuo, fantasioso, anterior a toda reflexão e não-crítico de estabelecer algumas verdades que não só explicam parte dos fenômenos naturais ou mesmo a construção cultural, mas que dão, também, as formas da ação humana.
A definição é uma forma simples e muito usada em parágrafos-chave, sobretudo em textos dissertativos. Pode ocupar só a primeira frase ou todo o primeiro parágrafo.
3. UMA PERGUNTA (TEMA: A SAÚDE NO BRASIL)
Será que é com novos impostos que a saúde melhorará no Brasil? Os contribuintes já estão cansados de tirar dinheiro do bolso para tapar um buraco que parece não ter fim. A cada ano, somos lesados por novos impostos para alimentar um sistema que só parece piorar.
A pergunta não é respondida de imediato. Ela serve para despertar a atenção do leitor para o tema e será respondida ao longo da argumentação.

4. COMPARAÇÃO (TEMA: REFORMA AGRÁRIA)

O tema da reforma agrária está presente há bastante tempo nas discussões sobre os problemas mais graves que afetam o Brasil. Numa comparação entre o movimento pela abolição da escravidão no Brasil, no final do século passado e, atualmente, o movimento pela reforma agrária, podemos perceber algumas semelhanças. Como na época da abolição da escravidão existiam elementos favoráveis e contrários a ela, também hoje há os que são a favor e os que são contra a implantação da reforma agrária.

Para introduzir o tema da reforma agrária, o autor comparou a sociedade de hoje com a do final do século XIX, mostrando a semelhança de comportamento entre elas.

5. ALUSÃO HISTÓRICA (TEMA: GLOBALIZAÇÃO)

Após a queda do muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez as portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.
O conhecimento dos principais fatos históricos ajuda a iniciar um texto. O leitor é situado no tempo e pode ter uma melhor dimensão do problema.

6. CITAÇÃO (TEMA: POLÍTICA DEMOGRÁFICA)

"As pessoas chegam ao ponto de uma criança morrer e os pais não chorarem mais, trazerem a criança, jogarem num bolo de mortos, virarem as costas e irem embora". O comentário do fotógrafo Sebastião Salgado, falando sobre o que viu em Ruanda, é um acicate no estado de letargia ética que domina algumas nações do Primeiro Mundo.
A citação inicial facilita a continuidade do texto, pois ela é retomada pela palavra comentário da segunda frase.



ATIVIDADES:
1-      Responder exercícios da página 337 e 338 (1 ao 5) e 361 (1,2,3)
2-      Elabore um paragráfo introdutório (todos os itens acima) sobre o tema: 


REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
CEREJA, Willian R. MAGALHÃES, Cochar T. Português linguagens volume 3 . 7 ed. Reform. – São Paulo : Saraiva, 2010
Site:  

sexta-feira, 14 de junho de 2013

OS PRINCIPAIS HETERÔNIMOS DE FERNANDO PESSOA


A questão da heteronímia resulta de características pessoais referentes à personalidade de Fernando Pessoa: o desdobramento do “eu”, a multiplicação de identidades e a sinceridade do fingimento, uma condição que patenteou sua criação literária e que deu origem ao poema que segue:

Autopsicografia

O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração

Pessoa, Fernando. Lírica e dramática, In: Obras de Fernando Pessoa

No que se refere aos heterônimos, vejamos:

Alberto Caeiro
 
É uma poesia aparentemente simples, mas que na verdade esconde uma imensa complexidade filosófica, a qual aborda a questão da percepção do mundo e da tendência do homem em transformar aquilo que vê em símbolos, sendo incapaz de compreender o seu verdadeiro significado.

A Criança

A criança que pensa em fadas e acredita nas fadas
Age como um deus doente, mas como um deus.
Porque embora afirme que existe o que não existe
Sabe como é que as cousas existem, que é existindo,
Sabe que existir existe e não se explica,
Sabe que não há razão nenhuma para nada existir,
Sabe que ser é estar em um ponto
Só não sabe que o pensamento não é um ponto qualquer.

Ricardo Reis

O médico Ricardo Reis é o heterônimo “clássico” de Fernando Pessoa, pois se observa em toda sua obra a influência dos clássicos gregos e latinos baseada na ideologia do “Carpe Diem”, diante da brevidade da vida e da necessidade de aproveitar o momento. O bucolismo estava presente em suas poesias. Era um defensor da monarquia e demonstrava grande interesse pela cultura latina.

Anjos ou Deuses

Anjos ou deuses, sempre nós tivemos,
A visão perturbada de que acima
De nos e compelindo-nos
Agem outras presenças.
Como acima dos gados que há nos campos
O nosso esforço, que eles não compreendem,
Os coage e obriga
E eles não nos percebem,
Nossa vontade e o nosso pensamento
São as mãos pelas quais outros nos guiam
Para onde eles querem E nós não desejamos.


Álvaro de Campos

Heterônimo futurista de Fernando Pessoa, também é conhecido pela expressão de uma angústia intensa, que sucedeu seu entusiasmo com as conquistas da modernidade.
Na fase amargurada, o poeta escreveu longos poemas em que revela um grande desencanto existencial. Como podemos observar:

Tabacaria

Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo que
 ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?),
Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa,
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres,
Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens,
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. (...).

Acesso em 13.06.2013

terça-feira, 4 de junho de 2013

Como Estruturar um Texto Argumentativo

Material ótimo de "Como estruturar um Texto Argumentátivo"
http://www.pucrs.br/gpt/argumentativo.php


Bom proveito...

Prof Ronnie


quarta-feira, 29 de maio de 2013

Texto: O buraco é aqui embaixo

Para os/as alunos/as do Terceiro ano Matutino - Médici

Boa leitura para vocês.....segue link abaixo.

Prof. Ronnie 

http://informandoeeducando.blogspot.com.br/2011/06/o-buraco-e-aqui-embaixo.html

terça-feira, 14 de maio de 2013

MATERIAL PRODUÇÃO DE TEXTO - PARTE 1



1-    INTRODUÇÃO

Elaborar um texto é comunicar-se por meio da escrita. Tudo que se escreve pode ser considerado uma redação ou composição (um bilhete, uma carta, um e-mail, uma propaganda, uma redação de vestibular...)
Para redigir um texto correto é necessário organizar suas ideias e moná-las aos recursos expressivos da língua e a leitura é a maior aliada para escrever bem.
A prática da leitura não nos ensina somente a organização da língua escrita, mas nos fornece também conhecimentos e ideias que nos auxiliam no ato de escrever.
Redigir um texto é para muitos uma tarefa difícil. Inúmeros contratempos começam a surgir, e um deles é a insuficiência de conteúdo. As ideias não fluem e, mesmo quando surgem, há uma certa dificuldade em organizá-las. Tal atitude muitas vezes corrobora para um sentimento de frustração e incapacidade por parte do emissor.
O fato é que a escrita é algo que requer habilidade, determinação, paciência e aperfeiçoamento constante. Habilidades essas que gradativamente vão sendo conquistadas de acordo com o hábito da leitura e com a constante busca por informações, no intuito de ampliarmos nossa visão de mundo, e com a convivência diária enquanto seres eminentemente sociais.
Fundamentalmente, é preciso que haja clareza quanto à mensagem que ora se deseja transmitir. E para tal, faz-se necessário planejar, selecionando cuidadosamente as palavras, articulando bem as ideias, de modo a distribuí-las em períodos curtos e adequando-as à modalidade textual, tendo em vista  a intencionalidade comunicativa ora em questão.
Na medida em que vamos expressando nossos pensamentos não nos atemos para uma constante revisão, pois isso pode corromper nossa linha de raciocínio. Entretanto, uma releitura é capaz de detectar possíveis falhas ortográficas e gramaticais, como também permite-nos acrescentarmos ou suprimirmos ideias, entre outros procedimentos.
2-    O QUE É TEXTO?
O texto (do latim textu, “tecido”) é um conjunto de partes articuladas e organizadas entre si. Veja o que diz o poeta barroco Gregório de Matos acerca dessa relação:
O todo sem a parte não é todo;
A parte sem o todo não é parte;
Mas se a parte o faz todo sendo parte,
Não se diga que é parte, sendo todo.

            Para entender um texto em sua totalidade, é preciso estabelecer a relação entre as partes, visto que o todo é a síntese das partes. Para que o leitor tenha acesso à totalidade, é necessário ainda extrair o tema, o assunto do qual se fala.
Um texto é tudo aquilo que comunica algo, seja ele oral, escrito, visual ou musical. Do ponto de vista oral e escrito, o texto se constrói a partir de mecanismos sintáticos e semânticos, os quais são responsáveis pela produção do sentido.
Para Fiorin o texto “é um todo organizado de sentido, implica afirmar que o sentido de uma parte depende do sentido das outras. No caso dos textos verbais, isso significa que ele não é um amontoado de frases, ou seja, nele as frases não estão simplesmente dispostas umas depois das outras, mas mantêm relação entre si. Isso quer dizer o sentido de uma frase depende dos sentidos das demais, o sentido de uma parte do texto depende do sentido das outras.”

3-    GÊNEROS DO DISCURSO OU GÊNEROS TEXTUAIS

São as estruturas com que se compõe os textos, sejam eles orais ou escritos, literários ou não-literários. Essas estruturas são socialmente reconhecidas, pois se mantêm sempre muito parecidas, com características comuns, procuram atingir intenções comunicativas semelhantes e ocorrem em situações específicas.
Gênero Textual ou Gênero de Texto se refere às diferentes formas de expressão textual. Nos estudos da Literatura, temos, por exemplo, poesia, crônicas, contos, prosa, narrativa ,etc.
Para a Linguística, os gêneros textuais englobam estes e todos os textos produzidos por usuários de uma língua. Assim, ao lado da crônica, do conto, vamos também identificar a carta pessoal, a conversa telefônica, o email, e tantos outros exemplares de gêneros que circulam em nossa sociedade.
Quanto à forma ou estrutura das sequências linguísticas encontradas em cada texto, podemos classificá-los dentro dos tipos textuais a partir de suas estruturas e estilos composicionais.
Exemplos de gêneros textuais: São textos que anúncios, convites, atlas, avisos, programas de auditórios, provas de escola, reportagens jornalísitcas, bulas, cartas, cartazes, comédias, contos de fadas, crônicas, editoriais, ensaios, entrevistas, contratos, decretos, Leis, discursos políticos, histórias, instruções de uso, letras de música, e-mail, mensagens, notícias. Circulam no mundo, têm uma função específica, para um público específico e com características próprias.
Aliás, essas características peculiares de um gênero discursivo nos permitem abordar aspectos da textualidade, tais como coerência e coesão textuais, impessoalidade, técnicas de argumentação e outros aspectos pertinentes ao gênero em questão.
Os gêneros do discurso são enunciados relativamente estáveis, organizados segundo seu conteúdo temático, seu estilo e suas formas composicionais. Fazem parte da nossa vida, pois o “emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos) concretos e únicos” (Bakhtin, 2003, p.261).

 4-    FATORES DE TEXTUALIDADE

4.1.- TEXTUALIDADE: características das quais necessita qualquer enunciação, haja vista que a mensagem, para ser materializada de forma plausível, precisa, antes de tudo, estar decifrável mediante os olhos do interlocutor.

  • INTENCIONALIDADE
Refere-se ao esforço do produtor do texto em construir uma comunicação eficiente capaz de satisfazer os objetivos de ambos os interlocutores. Quer dizer, o texto produzido deverá ser compatível com as intenções comunicativas de quem o produz.

  •  ACEITABILIDADE
O texto produzido também deverá ser compatível com a expectativa do receptor em colocar-se diante de um texto coerente, coeso, útil e relevante. O contrato de cooperação estabelecido pelo produtor e pelo receptor permite que a comunicação apresente falha de quantidade e de qualidade, sem que haja vazios comunicativos. Isso se dá porque o receptor esforça-se em compreender os textos produzidos.

  • SITUACIONALIDADE
É a adequação do texto a uma situação comunicativa, ao contexto. Note-se que a situação orienta o sentido do discurso, tanto na sua produção como na sua interpretação. Por isso, muitas vezes, menos coeso e, aparentemente, menos claro pode funcionar melhor em determinadas situações do que outro de configuração mais completa. É importante notar que a situação comunicativa interfere na produção do texto, assim como este tem reflexos sobre toda a situação, já que o texto não é um simples reflexo do mundo real. O homem serve de mediador, com suas crenças e idéias, recriando a situação. O mesmo objeto é descrito por duas pessoas distintamente, pois elas o encaram de modo diverso. Muitos lingüistas têm-se preocupado em desenvolver cada um dos fatores citados, ressaltando sua importância na construção dos textos.

  • INFORMATIVIDADE
É a medida na quais as ocorrências de um texto são esperadas ou não, conhecidas ou não, pelo receptor. Um discurso menos previsível tem mais informatividade. Sua recepção é mais trabalhosa, porém mais interessante e envolvente. O excesso de informatividade pode ser rejeitado pelo receptor, que não poderá processá-lo. O ideal é que o texto se mantenha num nível mediano de informatividade, que fale de informações que tragam novidades, mas que venham ligadas a dados conhecidos.

  • INTERTEXTUALIDADE
Concerne aos fatores que tornam a interpretação de um texto dependente da interpretação de outros. Cada texto constrói-se, não isoladamente, mas em relação a outro já dito, do qual abstrai alguns aspectos para dar-lhes outra feição. O contexto de um texto também pode ser de outros textos com os quais se relaciona.

·        COERÊNCIA

É o instrumento que o autor vai usar para conseguir encaixar as “peças” do texto e dar um sentido completo a ele.
Cada palavra tem seu sentido individual, quando elas se relacionam elas montam um outro sentido. O mesmo raciocínio vale para as frases, os parágrafos e até os textos. Cada um desses elementos tem um sentido individual e um tipo de relacionamento com os demais. Caso estas relações sejam feitas da maneira correta, obtemos uma mensagem, um conteúdo semântico compreensível.
O texto é escrito com uma intencionalidade, de modo que ele tem uma repercussão sobre o leitor, muitas vezes proposital.
Em uma redação, para que a coerência ocorra, as idéias devem se completar. Uma deve ser a continuação da outra. Caso não ocorra uma concatenação de idéias entre as frases, elas acabarão por se contradizerem ou por quebrarem uma linha de raciocínio. Quando isso acontece, dizemos que houve um quebra de coerência textual.
A coerência é um resultado da não contradição entre as partes do texto e do texto com relação ao mundo. Ela é também auxiliada pela coesão textual, isto é, a compreensão de um texto é melhor capturada com o auxílio de conectivos, preposições, etc.
Vejamos alguns exemplos de falta de coerência textual:

a)     "No verão passado, quando estivemos na capital do Ceará Fortaleza, não pudemos aproveitar a praia, pois o frio era tanto que chegou a nevar"
b)    “Estão derrubando muitas árvores e por isso a floresta consegue sobreviver.”
c)     “Todo mundo viu o mico-leão, mas eu não ouvi o sabiá cantar”
d)    “Todo mundo destrói a natureza menos todo mundo”
e)     “Podemos notar claramente que a falta de recursos para a escola pública é um problema no país. O governo prometeu e cumpriu: trouxe várias melhorias na educação e fez com que os alunos que estavam fora da escola voltassem a frequentá-la. Isso trouxe várias melhoras para o país.”

A falta de coerência em um texto é facilmente detectada por um falante da língua, mas não é tão simples notá-la quando é você quem escreve. A coerência é a correspondência entre as idéias do texto de forma lógica.
Quando o entendimento de determinado texto é comprometido, imediatamente alguém pode afirmar que ele está incoerente. Na maioria das vezes esta pessoa está certa ao fazer esta afirmação, mas não podemos achar que as dificuldades de organização das idéias se resumem à coerência ou a coesão. É certo que elas facilitam bastante esse processo, mas não são suficientes para resolver todos os problemas. O que nos resta é nos atualizarmos constantemente para podermos ter um maior domínio do processo de produção textual.

 ·        COESÃO

O texto tem seus componentes ligados a fim de que formem um só corpo estrutural. Aos elementos que realizam essa ligação se atribui a função de coesão, que é uma das marcas fundamentais da textualidade. Ela pode ocorrer por meio da coesão referencial, da coesão recorrencial e da coesão seqüencial. A coesão é assunto bem abrangente. Em concurso, observa-se sua relação com termos, expressões ou idéias, que podem estar antes ou após o elemento coesivo.

- COESÃO REFERENCIAL

É aquela em que os elementos coesivos fazem referência a algum termo mencionado no texto anteriormente (anafóricos) ou posteriormente (catafóricos).
Ø A remissão anafórica (para trás) realiza-se por meio de pronomes pessoais de 3ª pessoa (retos e oblíquos) e os demais pronomes; também por numerais, advérbios e artigos.
Exemplo: André e Pedro são fanáticos torcedores de futebol. Apesar disso, são diferentes. Este não briga com quem torce para outro time; aquele o faz.
Explicação: O termo isso retoma o predicado são fanáticos torcedores de futebol; este recupera a palavra Pedro; aquele , o termo André; o faz, o predicado briga com quem torce para o outro time - são anafóricos.

Ø A remissão catafórica (para a frente) realiza-se preferencialmente através de pronomes demonstrativos ou indefinidos neutros, ou de nomes genéricos, mas também por meio das demais espécies de pronomes, de advérbios e de numerais. Exemplos:

1- Qualquer que tivesse sido seu trabalho anterior, ele o abandonara, mudara de profissão e passara pesadamente a ensinar no curso primário: era tudo o que sabíamos dele, o professor, gordo e silencioso, de ombros contraídos.
Explicação: O pronome possessivo seu e o pronome pessoal reto ele antecipam a expressão o professor - são catafóricos.
2. O incêndio havia destruído tudo: casas, móveis, plantações.
3. Desejo somente isto: que me dêem a oportunidade de me defender das acusações injustas.
4.O enfermo esperava uma coisa apenas: o alívio de seus sofrimentos.
5.  Ele era tão bom, o presidente assassinado!

Dois processos caracterizam a coesão referencial:

SUBSTITUIÇÃO
o  Existe a hipótese de fecharmos contrato hoje. Ela deve ser analisada com cuidado.
o  Nossa empresa oferece preços módicos. Nossa concorrente faz o mesmo.
o  A indústria brasileira e a boliviana geram muito lucro. Ambas são concorrentes.
o  O eletricista será transferido para a Europa. faz muito frio.


5-    REFERÊNCIAS:

BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. Tradução de Paulo Bezerra. São Paulo: Martins Fontes, 2003.