terça-feira, 6 de março de 2012

Análise do poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias

Análise do poema “Canção do Exílio” de Gonçalves Dias


categoria: poesia, teoria literária 0 Comments - Leave a comment!.Este texto é uma anotação de uma análise feita em aula pelo professor Eduardo Martins. O professor não é de modo algum responsável por erros, omissões ou imprecisões na análise.



O poema foi escrito enquanto Golçaves Dias estava em portugal cursando Direito.



O poema pertence ao gênero Lírico, que não conta uma história e sim exprime um estado de ânimo de um “eu”, o “eu” lírico.Os elementos de cenário servem como metáforas desse estado de espírito e tem papel muito mais importanbte do que cenários onde se desenrola uma história.



O poema começa com o uso de uma epígrafe, prática comum no romantismo, que possui função semelhante à clave musical, servindo para sugerir o tom da interpretação do poema.



O poema começa com a oposição da terra natal do eu lírico como lugar distante (lá) e a terra do exílio. Essa oposição parte de elementos prosaicos e vai num crescendo até atingir a própria vida.



A comparação não se dá entre coisas que existem na terra natal e não no exílio, mas sim entre elementos presentes em ambas as terras, subjetivamente afirmando a superioridade da terra natal.



Forma

O poema possui 3 quadras e 2 sextetos. A forma é simples, e essa simplicidade se reflete também no vocabulário. Mas a simplicidade não é sinal de “pobreza” e sim de grande habilidade no manuseio dos recursos formais do poema.



O poema possui uma “musicalidade” que é dada pelo ritmo e pelas rimas. Rimas são a repetição de alguns sons iguais ou semelhantes, no final ou no interior dos versos. No caso da “Canção do Exílio” as rimas se dão nos versos pares e os ímpares não rimam (embora alguns versos ímapres possuam rima “toante”, que é a rima apenas da sílaba tônica”. A rima comum seria a “soante”).



A repetição sonora é reforçada pela repetição de palavras, o que acaba por ecoar e firmar o aspecto musical do poema. A repetição dos versos acabam por criar um “refrão”, o que soma o aspecto “musical” do poema.



O ritmo, na literatura neolatina, é dado pela sucessão de de sílabas fracas e fortes, ao se dividr as sílabas poéticas (como as sílabas são pronunciadas e contadas até a última sílaba tônica do verso).



No exemplo:



Mi/nha/ te/rra /tem/ pal/mei/ras

On/de/ can/ta o/ sa/bi/á

As/ a/ves/ que a/qui/ gor/jei/am

Não/ gor/jeiam/ co/mo/ lá



Acabam produzindo o seguinte ritmo, se considerarmos a notação / para sílaba forte e _ para sílaba fraca:



/_/_/_/

/_/_/_/

_/__/_/

/_/_/_/



Note o terceiro verso. O ritmo é destoante dos outros três (1°, 2° e 4°). Esse verso diz justamente “As aves que aqui gorjeiam”, ou seja uma referência à terra do exílio. O ritmo é quebrado sempre que o poeta se refere à terra do exílio. Nos versos 21, 22, e 23 também há quebra do ritmo, mas associada à grande tensão do “eu” lírico. Desse modo, a forma do poema é usada para dar consistência ao seu conteúdo.



O poema pertence à primeira geração romântica no Brasil, que coincide com a época da independência, estando associada à grandes aspirações nacionalistas e interesse pelas coisas do país, a “cor local”, refletindo, no romantismo, elementos da geografia local, afirmando a diferença e independencia de Portugal, inclusive literariamente.



Como a língua é a mesma, buscam uma teoria alemã que afirma a diferença na geografia. Essa teoria dividia a europa em dois “hemisférios literários”: o sul, mediterrâneo, luminoso, que se reflete na literatura greco romana e o norte brumoso, frio, que se reflete na cavalaria cristã romântica. Dessa forma os romantistas brasileiros resolvem o conflito da diferenciação literária mesmo compartilhando a língua com Portugal.



Canção do Exílio

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá;

As aves, que aqui gorjeiam,

Não gorjeiam como lá.



Nosso céu tem mais estrelas,

Nossas várzeas tem mais flores,

Nossos bosques tem mais vida,

Nossa vida mais amores.



Em cismar, sozinho, à noite,

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o sabiá.



Minha terra tem primores,

Que tais não encontro eu cá;

Em cismar – sozinho, à noite -

Mais prazer encontro eu lá;

Minha terra tem palmeiras,

Onde canta o Sabiá.



Não permita Deus que eu morra,

Sem que eu volte para lá;

Sem que desfrute os primores

Que não encontro por cá;

Sem qu’inda aviste as palmeiras,

Onde canta o Sabiá.

FONTE: http://pt.shvoong.com/humanities/1764583-an%C3%A1lise-soneto-amor-%C3%A9-fogo/
acesso 06/03/2012

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